Sobre as empresas "amigas"
Existiu uma altura na minha vida em que tive necessidade de mandar E-mails para todo o tipo de empresas, para fundações e associações a partir do cybercafé,
a perguntar se me poderiam dar um computador, mesmo velho, já que na altura a máquina que tinha era mesmo muito velha, (vinda do caixote do lixo e reparada), e algum PC que me pudessem dar daqueles que geralmente vão para um armazém de lixo das empresas, decerto seria melhor do que o meu e precisava mesmo de uma máquina nessa altura, e sem ter dinheiro para a comprar.
Essas centenas ou milhares de PC”s que após um upgrade do hardware da empresa, geralmente vão para o lixo ou ficam armazenados sem servir para nada durante anos, calculei que me pudessem dar um, já que não os usam, e para mim iria servir para muito.
A verdade é que o pedido que fiz foi por necessidade e não por capricho, calculo que ser honesto é a melhor politica, mas parece que ninguém quis saber.
Mandei cerca de 100 emails, basicamente para todo o tipo de grandes empresas em Portugal que lidam com informática, IBM, vobis, Portugal telecom, microsoft(até esta!), worten, etc.
Geralmente a gente lê como tais empresas são «boas» e amigas de ajudar os o "povo", apoiam causas sociais, fazem montes de propaganda a divulgar isso mesmo, e por ai fora... Mas a realidade é bastante diferente.
A maior parte das empresas nem sequer respondeu ao meu email, as que responderam limitaram-se a explicar que não vendiam computadores ao público, ou mandaram um link das lojas onde comprar... Que não foi nada do que eu tinha escrito.
A maioria das supostas instituições e fundações que hoje classifico «da treta», nem se dignaram a responder.
Fiquei realmente desiludido com toda essa gente, que se acham «grandes» apoiantes de causas sociais, e se mostram como empresas e grupos porreiros e amigos da informática, cultura e educação.
Só aldrabices!
Finalmente quem respondeu positivamente para grande espanto meu, foi a Fundação Gulbenkian e o INE (Instituto Nacional de Estatística), uma fundação que não têm nada a ver com informática e um instituto que supostamente não tem nada a ver com donativos.
Tive que dar os meus dados e aguardar, mas passado uns meses lá tinha em casa 2 computadores Pentium 400Mhz oferecidos gratuitamente, que foi uma grande ajuda na época e muito me serviram para os meus propósitos informáticos.
Não chega o Magalhães para as crianças!
Se todas as empresas e fundações que não me responderam tivessem uma atitude igual, e dessem as centenas de computadores velhos que têm nos seus armazéns a jovens e outras pessoas desfavorecidas, possivelmente não existiria tanta degradação da cultura social, já que um computador em cada casa duvido que exista para alem da classe média para cima, e digo que a informática não tem nada a ver com electrodomésticos mas sim, é um grande campo cultural, por tudo o que um computador pode fazer pelas pessoas.
...No fim, a honestidade compensou!
Obrigado Gulbenkian e INE.
:-)